A grandiosidade da Usina Hidrelétrica de Itaipu foi noticiada aos quatro cantos do mundo, sendo impossível um brasileiro não ter ouvido falar que é a maior do mundo em geração de energia, e durante muitos anos foi a maior em tamanho, hoje superada apenas pela barragem chinesa das Três Gargantas.
E não é à toa que Itaipu é considerada uma das 7 maravilhas da engenharia pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis. A monumental obra, que teve início na década de 1970, precisou de quase 10 anos para começar a gerar energia (sem falar no projeto multinacional), e finalmente em 2007 a última unidade geradora entrou em atividade, somando um impressionante total de 20 turbinas.
Quem tiver interesse em conhecê-la pode optar por passeios como o Circuito Especial ou a Vista Panorâmica, sendo esses os principais, além do Ecomuseu, o Refúgio Biológico Bela Vista, o Polo Astronômico e a Iluminação da Barragem, todos pagos e com guias excelentes. Como a usina recebe muitos visitantes durante todo o ano e os lugares são limitados em cada horário, o ideal é comprar o ingresso com antecedência no site oficial da atração ou através de alguma agência. Optamos por comprar os ingressos e o transporte com a Loumar Turismo.
A Vista Panorâmica é um passeio mais curto e o visitante conhece apenas a parte externa da usina em um ônibus panorâmico, sendo recomendado em dias de chuva, o uso de capa.
Já o Circuito Especial — nosso escolhido — inclui um interessante vídeo institucional, visita à parte externa e tour no interior da usina, com sete paradas previstas no total. Este passeio dura aproximadamente 2h30 e não é permitido usar calçados abertos ou de salto, nem bermudas acima do joelho, ou seja, a recomendação é ir de calça e sapato fechado, mesmo com um calor de rachar…
A atração é proibida para menores de 14 anos e também é proibido entrar com bolsa, devendo ser deixada no locker próximo à entrada. O valor dos ingressos custa respectivamente, R$31,00 e R$ 74,00.
Quer saber como é o passeio completo pela Usina?
São três paradas externas. A primeira é no Mirante do Vertedouro, com visão panorâmica de toda a barragem. Depois o ônibus nos leva até o outro lado do Mirante e, por fim, literalmente em cima da longa barragem, onde ficam as comportas que captam a água que vai até as turbinas. De um lado o rio Paraná, de outro o lago formado pela barragem. Espetacular!
Vale lembrar que as comportas do Vertedouro — por onde vaza a água excedente naquelas quantidades imensas — não ficam abertas o ano todo, e, como nós fomos em abril, elas já estavam fechadas. 🙁
Depois o ônibus segue até a entrada da usina, para conhecermos seu interior. Já com os capacetes na cabeça (obrigatório), a primeira imagem que vemos são esses enormes tubos brancos e paredões de concreto, que são a própria estrutura da barragem, sua sustentação. Curiosamente, cada uma dessas seções é chamada de Catedral, por causa do formato triangular —mas bem poderia ser pela louvável Engenharia, que atrai verdadeiros admiradores peregrinos. O guia ressaltou a existência de pequenas infiltrações, que são constantemente monitoradas, ainda que a maioria delas se resolva por conta própria, pois a água que infiltra, juntamente com o concreto, calcificam formando um oxalato (um sal), que faz a infiltração parar.
Outro dado bem interessante é que nesses paredões não há ferro dentro do concreto justamente para não haver oxidação e prejuízo da estrutura. Assim, a usina é toda construída com concreto maciço, segundo informações do guia.
Ainda dentro de uma dessas Catedrais, passamos por um caminho com grades no chão, por onde podemos ver (a 140 metros de distância) o antigo leito do rio Paraná, seco devido à construção da represa, que desviou o curso da água para a produção de energia.
Fora dali, e já na entrada principal, percebemos que estamos em terras (e águas) paraguaias, e isso agrega ainda mais valor àquela maravilha da engenharia.
A usina, também conhecida no meio jurídico por possuir um regime legal único e inovador, surgiu da assinatura de um tratado internacional que a originou como uma empresa binacional, sendo regida por seu próprio ato constitutivo. Não é uma estatal brasileira, tampouco paraguaia, mas fornece energia ao Paraguai e ao Brasil.
Assim que entrei também percebi que o chão tremia constantemente. Isso ocorre devido à intensa atividade das turbinas que produzem essa vibração. Lá dentro, conhecemos a Sala de Comando Geral, onde os técnicos de ambos os países operam a usina, com computadores modernos e antigos que servem como uma espécie de backup, caso ocorra uma pane no novo sistema. Lá também há uma linha simbólica no chão representando a divisão entre Paraguai e Brasil, já que cada um detém metade do total de turbinas. Superinteressante!
Também vimos as enormes tampas onde ficam as turbinas e chegamos bem perto do eixo de uma delas, um dos vinte corações dessa poderosa gigante. Emocionante. Outra curiosidade é que o fato de gerarem energia faz com que uma parte seja dissipada, exatamente nesse lugar que estamos. A máquina fotográfica consegue “captar” essa energia e é por isso que a foto sai esverdeada, apesar de ao vivo não ter nada verde por lá. Estranho, né?!
E os corredores com mais de 1 km de extensão? Para agilizar, os funcionários podem andar de bicicleta. Como fomos no passeio das 16 horas, tivemos oportunidade de ver vários funcionários circulando lá dentro, inclusive os que estavam indo embora e batendo ponto para pegar o ônibus da usina.
A hidrelétrica encanta não apenas pelo trabalho humano, mas também pela natureza exuberante. Afinal, o Rio Paraná está entre os dez maiores do mundo, possibilitando a instalação de Itaipu — “a pedra que canta”, na língua tupi—nesse local especial que é Foz do Iguaçu.
Como já anunciava o filme a que assistimos no início do passeio, seja bem vindo ao inesquecível!
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