Para convencer você a ir a Berna, eu poderia simplesmente apelar para as maravilhas gastronômicas que deixam qualquer um com água na boca: fondue, cerveja, salsicha com pão, raclette (queijo derretido servido sobre batatas e picles) e a famosa batata rostie, prato típico da Suíça. Isso sem falar dos chocolates que são sinônimo do país, sendo o Toblerone originário da região.
Mas prefiro mencionar outros motivos para te atrair até a bela e tranquila capital suíça, cujo centro histórico tombado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade é definido pelo formato em U do rio Aare e preserva muito bem o charme de suas construções medievais, combinadas às várias fontes de água (potável, ressalte-se) lindamente decoradas, à torre do relógio, à igreja e demais atrações da cidade.
Embora seja a capital política do país, Berna perde em algum sentido para Zurique e Genebra, cidades maiores, mais cosmopolitas e consideradas as melhores em qualidade de vida. Porém, acho que, justamente por ser menor e menos badalada, é mais charmosa do que suas vizinhas.
Dois dias são suficientes para conhecer as atrações da cidade e para isso, caminhe, caminhe bastante, aproveitando cada detalhe que só as cidades suíças têm. O ideal é ficar hospedado no Centro Histórico, até mesmo para quem pretende economizar. Mas se estiver hospedado longe do centro, a bike e o tram podem ajudar no deslocamento.
Chegando pela estação de trem, passe no Centro de Informações Turísticas, garanta um mapa e algumas informações sobre descontos e eventos especiais.
Roteiro por Berna, a bela capital suíça
Abaixo, segue o roteiro que fizemos levando em conta a distância entre os atrativos, mas é apenas uma sugestão que você pode alterar conforme seus gostos e interesses pessoais.
1º dia
Como o Centro Histórico de Berna é pequeno (como se vê na foto acima), em no máximo 5 minutos de andanças você alcança os pontos desejados.
Começamos nosso roteiro pelo prédio do Parlamento (Bundeshauser), que fica na Praça de mesmo nome. É possível conhecer seu interior com uma visita guiada gratuita. O edifício é realmente muito bonito (tanto por fora como por dentro) e, na parte de trás, há um patamar de onde se tem uma vista para os Alpes. Embora um pouco distante, é possível reconhecer a cadeia montanhosa.
De lá andamos até a famosa Kramgasse, rua onde fica a Torre do Relógio Astronômico, antigo portão da cidade durante a Idade Média e um dos principais pontos turísticos de Berna, onde os visitantes se aglomeram de hora em hora para ouvirem o relógio tocar. Não poderia ser diferente: afinal, essa é uma tradição em várias cidades da Europa, e como a Suíça é famosa pela precisão de seus relógios…
Seguindo por essa rua até o nº 49, está o Museu Einstein, instalado na casa onde o gênio da Física morou e trabalhou, tendo desenvolvido aqui a Teoria da Relatividade. Em relação ao acervo, trata-se de um pequeno apartamento com mobiliário do início dos anos 1900, com alguns documentos e fotografias muito interessantes (como alguns boletins da época do colégio!) e material contando sobre a vida do físico alemão.
A rua Kramgasse, onde Albert Einstein morou, é bem característica da Suíça: observe as fontes de água, a fachada dos prédios e os arcos formando galerias, por onde os pedestres andam. Essa arquitetura é bem interessante, sobretudo em cidades onde faz muito frio e neva (como em Berna), pois essas galerias protegem um pouco contra as intempéries naturais.
Repare também que algumas lojas ainda possuem escadas que levam ao porão, aproveitando ao máximo o pouco espaço disponível no Centro Histórico.
Também pertinho, na Munsterplatz, fica a medieval Catedral Münster, em estilo gótico. Suba sua torre para admirar a bela cidade do alto. Ainda há a Munsterplatform, uma praça agradável de onde se avista o rio Aare. A cor do rio é impressionante, ainda mais para nós brasileiros que não estamos acostumados com tanto respeito às margens de um rio e a um meio ambiente tão equilibrado.
2º dia
No segundo dia, comece indo até o zoológico da Toca do Urso (ou Barengraben, em alemão), para ver os ursos que deram nome à cidade, atravessando a ponte Nydeggbrücke. Há somente alguns ursos e o acesso é gratuito. Eu, particularmente, não vejo graça em ver animais presos, mas faz parte da história e identidade da cidade… e de lá também é possível tirar ótimas fotos do rio e da cidade.
Aproveite que você já atravessou a ponte para o outro lado do rio e faça um passeio até o Jardim das Rosas (Rosengarten). Trata-se de um parque muito agradável de onde se tem uma vista panorâmica da cidade e onde há centenas de espécies de rosas. Basta seguir as placas e chegará lá, mas o caminho a pé exige algum esforço, pois é preciso subir uma ladeira bem íngreme.
Depois das andanças do outro lado do rio, é hora de voltar para continuar conhecendo o Centro Histórico. Assim, acabamos passando pelo prédio da Prefeitura (Rathaus) e pela Torre da Prisão (Kafigturm), construída durante a Idade Média e que, como o próprio nome diz, já foi uma prisão e depois de séculos passou a guardar documentos importante sobre a vida política da cidade. O relógio que se vê na foto não é original da época da construção, tendo sido instalado muitos séculos depois.
E por falar em relógio, a hora das refeições é uma atração à parte. São vários restaurantes, lanchonetes, padarias e pizzarias espalhados pelo Centro Histórico, mas quem não estiver muito a fim de gastar, e ainda assim quiser comer comida de verdade, pode ir aos restaurantes self-service dos Supermercados Migros e Coop. Excelente comida, variedade e preço bom, quando comparados com restaurantes à la carte.
Já para degustar os pratos típicos, o ideal é escolher algum restaurante no entorno da Praça do Parlamento. Dá uma olhada nessa batata rostie… hum…
Almoçamos e seguimos para a Marktgasse, rua que concentra muitos restaurantes, lojas e as principais fontes de água da cidade, dentre as quais a curiosa estátua de um ogro engolindo uma criança. Essa rua e outras no entorno concentram o melhor comércio da cidade. Vale dar uma olhada e quem sabe comprar as lembrancinhas para toda a família…
Antes disso, repare a beleza e a riqueza dos detalhes nas imagens (e o ogro devorando uma criança na terceira).
Como toda cidade medieval que se preze, Berna também possui algumas igrejas que merecem uma visita. A igreja mais antiga da cidade é a Franzosische Kirche, localizada na rua Zeughausgasse. mas a Igreja do Espírito Santo, construída entre 1926-29, é um dos mais belos exemplos arquitetônicos de igreja protestante na Suíça.
Um pouco mais afastados — e para quem tiver mais tempo na cidade — ficam o Jardim Botânico e o Museu de Belas Artes. Não deu tempo pois nosso trem partia bem cedo para Genebra, nosso último destino na Suíça.
Retomando os apetitosos atrativos do início do texto, não posso negar que adoro todos aqueles pratos suíços que mencionei. Um melhor do que o outro, mas a Suíça é muito mais do que sua gastronomia. É o país dos relógios e canivetes mais famosos do mundo, dos Alpes, da ONU, dos Bancos, e de tantas outras “marcas”, além de ser um país com 3 idiomas oficiais (alemão, francês e italiano).
Nossa breve estadia terminou, mas as lembranças e a vontade de voltar não passam nunca!