Depois de conhecer as principais atrações de Santiago decidi que seria interessante ir um pouco mais longe para visitar as famosas vinícolas chilenas. Para minha surpresa, a vinícola Cousiño Macul estava bem próxima, na região metropolitana de Santiago. E para melhorar, dava pra ir de metrô até lá.
Além do tradicional tour pela vinícola, em que o guia explica sobre o cultivo das uvas, a produção do vinho e seu armazenamento, na Cousiño Macul também é possível fazer o tour de bicicleta, passando pela plantação, chegando bem pertinho das parreiras e degustando vinhos e uvas pelo caminho.
Quem organiza o tour de bike pela vinícola é a empresa La Bicicleta Verde. Adorei a experiência de andar de bicicleta pela vinícola. Foi bem diferente das vinícolas que visitei em Napa Valley ou Santa Ynez.
Sem dúvida, um dos melhores dias em Santiago!
Tour de bicicleta na Cousiño Macul
O tour em espanhol tem duração de duas horas e tem saída às 11:00 (de segunda à sábado) ou às 15:00 horas (de segunda à sexta-feira), sendo necessário fazer reserva através do site.
Também há opção de fazer o tour tradicional, sem bicicleta. Nesse caso, a reserva é feita diretamente no site da vinícola.
Começamos o tour pedalando até as parreiras mais antigas da Cousiño Macul, que têm mais de 80 anos. Vinícola mais antiga do Chile e a única que ainda pertence a mesma família desde sua fundação, em 1856. Está na sexta geração, o que dá um toque mais pessoal e menos comercial ao lugar.
Antigamente a fazenda tinha uma área muito maior e, conforme Santiago crescia, a família foi vendendo algumas partes. Hoje a maior parte da produção da Cousiño Macul não acontece mais aqui. Está em Buín, a 20 km desta vinícola.
Pedalamos mais um pouco até encontrar uma sombra perfeita para fazer a primeira degustação: um vinho branco, riesling, bem leve. Ideal para beber puro ou com algum petisco.
Sabe quando tudo parece estar perfeito? Esse dia foi exatamente assim: a Cordilheira ao fundo, emoldurando a paisagem, um dia bonito, temperatura agradável e bons vinhos…
Seguimos pedalando entre as parreiras e, entre uma parada e outra, o guia explicava sobre os tipo de uvas e os vinhos chilenos. A uva ideal deve ser pequena, bem doce e com caroço. É no caroço (e na casca) que está o tanino.
Então, quanto menor a uva, maior a concentração de tanino. A quantidade de água também deve ser controlada. A uva é tão saborosa que dá vontade de comer o cacho inteiro!
Uma grata surpresa no Chile!
Até a década de 90 o Chile não era considerado um grande produtor de vinho. Isso porque o mercado internacional considerava o cabernet sauvignon (tipo mais produzido no país até hoje) fácil de ser produzido, o que não distinguiria o Chile entre os grande produtores mundiais.
Aos poucos, o Chile foi chamando a atenção dos produtores europeus até que em 1994 um francês chegou ao Chile para conhecer melhor sobre a produção e os tipos de uva que melhor se adptavam ao clima e solo.
O resultado surpreendente da visita foi a redescoberta de uma espécie de uva (carmenère) que estava extinta havia mais de 150 anos na Europa! Et voilà! O Chile ganhou o destaque internacional que tanto almejava.
Produção, armazenamento e degustação
Depois de quase uma hora pedalando, muita conversa sobre o Chile, os vinhos e mais degustação, passamos para a segunda fase do tour, já sem a bicicleta: produção e armazenamento do vinho.
Antigamente toda a produção da Cousiño Macul acontecia nessa fazenda e os vinhos eram colocados nesses enorme barris de carvalho, de mais de 100 anos, responsáveis não apenas pelo armazenamento, mas também pelo sabor amadeirado do vinho tinto.
O guia explicou que os barris de carvalho da França são considerados melhores do que os barris dos Estados Unidos e chegam a custar o dobro do preço.
Nas melhores vinícolas, os barris são usados apenas 3 vezes: na primeira, recebe o vinho premium (o melhor de cada vinícola), depois recebe o vinho reserva ( que são excelentes e mais conhecidos da maioria) e, no terceiro uso, vinhos mais simples.
Hoje, os vinhos produzidos na vinícola Cousiño Macul já contam com um processo industrializado.
Passamos por um mini museu, onde estão expostas fotos, peças e equipamentos utilizados no início do século passado, na produção de vinhos.
Depois descemos até a cave, construída em 1870, onde a temperatura é sempre de 14º C, com umidade em torno de 75% — sendo considerada uma das maiores e mais eficientes do mundo.
Depois de conhecer a plantação, a produção e o armazenamento dos vinhos, chega a hora da degustação final, onde são servidos três tipos diferentes de vinhos de antigas reservas: Chadornnay (2015), Syrah (2014) e Cabernet Sauvignon (2013), o mais antigo, forte e encorpado.
Tudo foi maravilhoso e de qualidade, do início ao fim. Super recomendo esse tour para quem estiver indo a Santiago!
Pra finalizar o passeio, ainda tem uma lojinha no final do tour, que vende os melhores vinhos da Cousiño Macul. Chic demais! Vontade de levar tudo pra casa!
Como chegar à Cousiño Macul
A Cousiño Macul está localizada no Valle del Maipo, onde existe o melhor Cabernet Sauvignon do Chile. Essa é uma das regiões produtoras de vinhos do Chile, reconhecida por lei. Todo vinho lá produzido pode utilizar o selo de indicação geográfica do Valle del Maipo.
Para chegar à vinícola Cousiño Macul de transporte público é bem fácil. Basta pegar a linha roxa do metrô na direção Plaza de Puente Alto e descer na estação Quilín. Depois, mais 5 minutos de taxi e você chega lá.
A dica é combinar esse passeio com as vinícolas Concha y Toro e Santa Rita, pois são próximas geograficamente. Para chegar na Concha y Toro basta seguir de metrô até a estação Plaza de Puente Alto e pegar um táxi.
Tempo desde o hotel em Bellavista até a vinícola: 50 minutos.
Endereço: Avenida Quilín 7.100 – Penãlolen, Santiago.
Valor do tour com La Bicicleta Verde: CLP 35.000,00 (incluído uma garrafa de água, uma taça para a degustação de 6 tipos de vinho).
Se você também gosta desse universo de vinhos e vinícolas não deixe de visitar a Cousiño Macul! É uma experiência diferente e certamente inesquecível!